sexta-feira, 23 de julho de 2010

Deseje-se

 


O abuso sexual à mulher africana e à mulher negra brasileira é mais do que abuso: é genocídio, fácil de constatar no crescimento da população mulata e no desaparecimento da raça negra. e este transe foi mais tarde estabelecido em políticas das classes governantes. Um processo de destruição combinado com outros instrumentos agressivos, durante a escravidão, tais como os maus-tratos, as torturas, a desnutrição, o trabalho excessivo; tudo isso conjugado, resultava na taxa extremamente alta de mortalidade infantil, e, através desse fenômeno de extermínio, a raça negro-africana jamais poderia, segundo os cálculos das classes dominantes, se tornar um problema ou uma ameaça. em 1870, a mortalidade infantil entre a população escrava era de 88%: no rio de janeiro, a capital do país, a taxa de MORTALIDADE infantil SUPERAVA a de NATALIDADE em 1,8% (degler, 1971:78). um retrato numérico terrivelmente sombrio para o futuro dos africanos.

O crime de estupro sexual cometido contra a mulher negro-africana pelo branco ocorreu através de gerações. até os filhos mulatos, herdeiros de um precário prestígio de seus pais brancos, continuaram a prática dessa violência contra a negra. como se para aliviar a consciência de culpa, os estratos dominantes ário-masculinos assumem o mulato como uma espécie de chave para a solução do nosso problema racial: na prática, isto significa o principio da liquidação da raça negra simultaneamente com o embranquecimento da população. mas, a despeito de qualquer aparente vantagem em posição social na função de ponte étnica entre pretos e brancos, a posição do mulato na sociedade brasileira, em essência, equivale aquela na qual o negro está situado: o mulato sofre a mesma discriminação, igual preconceito e semelhante desdém; não assumindo sua origem africana, aspirando a ser branco e fingindo pertencer a uma sociedade brancóide que o despreza, o mulato incorpora um personagem trágico, em sua desintegração interior e social: sua única saída está no autodesprezo, na rejeição de seus traços físicos negros e na rejeição da textura de seu cabelo, ainda hoje isso é um fato comum em nosso pais.

Abdias do Nascimento


"... se vocês, homens de Asante, não vão à frente, então nós vamos. Nós, as mulheres, iremos. Eu vou convocar minhas companheiras mulheres. Nós combateremos os brancos. combateremos até a última de nós cair no campo de batalha."

Senhorita Yaa Asntewaa - combatendo a invasão inglesa sobre Gana no final do sec. XIX.

4 comentários:

  1. lembrei de tanta gente quando li este post, sito: Amistad, Elisa Larkin Nascimento, Alex Halen e por aí vai...

    tamo junto!

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  2. A questão é confusão pra aumentar o espírito de brasilidade. Dentro disso a destruição de nossa gente vai sendo lentamente destruida ao passar do tempo.
    Boca-de-fumo+Crack+Escolapública+Hospitalfudido+UPP+Melicia+Embraquecimento =

    No Brasil o patriotismo cobre o racismo.

    "vivemos em guetos, fomos simplesmente postos pra "fora da cerca" sem que nos perguntasse a nossa opnião."

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