sexta-feira, 30 de abril de 2010

Bolei com os sons!!!

num consegui fazer um link pra galera só clicar e acessar... então copia aí e cola lá .. demoro???

vamu valorizar os nossos!!! quebrar o orgulho hein... e o estrangeirismo tbm...



OUÇAM!!!
http://www.myspace.com/raeldarima



Paz a todos.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lá vem a Cidade - Lenine





EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...

VI A CIDADE PASSANDO,
RUGINDO, ATRAVÉS DE MIM...
CADA VIDA ERA UMA BATIDA
DUM IMENSO TAMBORIM.
EU ERA O LUGAR, ELA ERA A VIAGEM
CADA UM ERA REAL, CADA OUTRO ERA MIRAGEM.

EU ERA TRANSPARENTE E ERA GIGANTE
EU ERA A CRUZA ENTRE O SEMPRE E O INSTANTE.
LETRAS MISTURADAS COM METAL
E A CIDADE CRESCIA COMO UM ANIMAL,
EM ESTRUTURAS POSTIÇAS,
SOBRE AREIAS MOVEDIÇAS,
SOBRE OSSADAS E CARNIÇAS,
SOBRE O PÂNTANO QUE COBRE O SAMBAQUI...
SOBRE O PAÍS ANCESTRAL
SOBRE A FOLHA DO JORNAL
SOBRE A CAMA DE CASAL ONDE EU NASCI.

EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...

A CIDADE
PASSOU ME LAVRANDO TODO...
A CIDADE
CHEGOU ME PASSOU NO RODO...
PASSOU COMO UM CAMINHÃO
PASSA ATRAVÉS DE UM SEGUNDO
QUANDO DESCE A LADEIRA NA BANGUELA...
VEIO COM LUZES E SONS.
COM SONHOS MAUS, SONHOS BONS.
FALAVA COMO UM CAMÕES,
GEMIA FEITO PANTERA.
ELA ERA...
BELA... FERA.

DESTA CIDADE UM DIA SÓ RESTARÁ
O VENTO QUE LEVOU MEU VERSO EMBORA...
MAS ONDE ELE ESTIVER, ELA ESTARÁ:
UM SERÁ O MUNDO DE DENTRO,
SERÁ O OUTRO O MUNDO DE FORA.

VI A CIDADE FERVENDO
NA EMULSÃO DA RETINA.
CREPITAR DE VIDA ARDENDO,
MARIPOSA E LAMPARINA.
A CIDADE ENSURDECIA,
RUGIA COMO UM INCÊNDIO,
ERA VENENO E VACINA...

EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...

EU PAIRAVA NO AR, E OLHAVA A CIDADE
PASSANDO VELOZ LÁ EMBAIXO DE MIM.
ERAM DEZ MILHÕES DE MENTES,
DEZ MILHÕES DE INCONSCIENTES,
SE MISTURAM... VIRAM ENTES...
OS QUAIS CONDUZEM AS GENTES
COMO SE FOSSEM CORRENTES
DUM RIO QUE NÃO TEM FIM?

ESSE RUÍDO
SÃO OS SÉCULOS PINGANDO...
E AS CIDADES CRESCENDO E SE CRUZANDO
COMO CÍRCULOS NA ÁGUA DA LAGOA.
E EU VI NUVENS DE POEIRA
E VI UMA TRIBO INTEIRA
FUGINDO EM TODA CARREIRA
PISANDO EM ROÇA E FOGUEIRA
GANHANDO UMA RIBANCEIRA...
E A CIDADE VINHA VINDO,
A CIDADE VINHA ANDANDO,
A CIDADE INTUMESCENDO:
CRESCENDO... SE APROXIMANDO.

EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

dá-lhe... MANIFESTO BAUMAM - parte 01





esse texto não é pra todos!!!




 no Rio de Janeiro ...

O favelado é o alter ego do morador da zona sul. Ele é também o mais ardente admirador do morador da zona sul - tanto mais pelo fato de não ter uma noção das inconveniências reais, que não são muito comentadas, da vida do morador da zona sul. pergunte aos favelados que tipo de vida gostariam de ter se pudessem escolher e você terá uma descrição bem aperfeiçoada da alegria do morador da zona sul "tal como vista na tv". os favelados não tem outras imagens boa da vida - nenhuma utopia alternativa, nenhuma agenda politica própria. A única coisa que querem é permissão para serem moradores da zona sul - "como qualquer outro..."

tanto o morador da zona sul como o favelado são consumidores - e os consumidores dos tempos modernos avançados ou pós-modernos são caçadores de emoções e colecionadores de experiências; sua relação com o mundo é primordialmente estética:
ambos percebem o mundo como um alimento para a sensibilidade, uma matriz de possíveis experiências (experiências que se vivem e não experiências que se sofrem) -
ambos "saboreiam" o mundo, como os experimentados frequentadores de museus saboreiam o tete-a-tete com as obras de arte. os dois são tocados - atraídos ou repelidos - pelas sensações prometidas.

essa atitude em relação ao mundo une-os, faz um igual ao outro. esse é o tipo de semelhança que permite que os favelados simpatizem com os moradores da zona sul. pelo menos com a imagem do morador da zona sul, e desejem participar de seu estilo de vida; mas isso é uma semelhança que os moradores da zona sul se esforçam em esquecer, embora para seu desânimo não possam reprimir de fato inteiramente.

o segredo da sociedade atual está "no desenvolvimento de um senso de INSUFICIÊNCIA ARTIFICIALMENTE CRIADO E SUBJETIVO" - uma vez que nada poderia ser mais ameaçador para seus princípios fundamentais do que as pessoas se declararem satisfeitas com o que têm.
o que as pessoas tem de fato é assim diminuido e "manchado" pelos mais favorecidos através de insistentes e excessivas exibições de aventuras extravagantes: "assim os ricos se tornam objetos de adoração mundial."

mas, não é mais o rico em sí, o herói digno de adoração universal. o objeto de adoração agora é a propria riqueza - a riqueza como garantia de um estilo de vida mais extravagante e pródigo. o que importa é o que se pode fazer, não o que deve ser feito ou o que foi feito.
universalmente adorada nas pessoas ricas é a sua maravilhosa capacidade de escolher como levar a vida, os lugares onde viver, os companheiros para partilhar esses lugares e de mudar tudo isso à vontade e sem esforço. essas pessoas são guiadas pela estética do consumo; é a exibição de um gosto estético extravagante e mesmo fútil, não a obediência à ética do trabalho ou o seco e puritano preceito da razão, não o mero sucesso financeiro, que está no coração da grandeza a elas atribuída e que lhes dá direito à admiração universal. nõ é nada disso ... é a exibição de um gosto extravagante e fútil.

os favelados não abitam uma cultura separada dos moradores da zona sul, eles tem que viver no mesmo mundo ideado em benefício dos que tem dinheiro. a favela apodrece e se agrava a medida que a economia cresce! com efeito, progresso significa mais pobreza e menos recursos para os favelados; e ao mesmo tempo, esse crescimento leva a uma exibição ainda mais frenética de maravilhas de consumo... aumentando ainda mais o abismo entre o desejado e o real. a medida em que a economia cresce a favela apodrece, e o objeto de desejo que antes já era distante, se torna ainda mais querido e mais distante.
tanto o morador da zona sul como o favelado foram transformados em consumidores, mas o favelado é um consumidor frustrado. os favelados não podem realmente se permitir as opções sofisticadas em que se espera que sobressaiam os consumidores; seu potencial de consumo é tão limitado quanto seus recursos. essa falha torna precária a sua posição social.

os favelados são uns estraga-prazeres meramente por estarem por perto, pois eles não lubrificam as engrenagens da sociedade de consumo, não acrescentam a prosperidade da economia com seu consumo insignificante. assim, são vistos como inúteis, no único sentido de "utilidade" em que se pode pensar numa sociedade de consumo. por serem inúteis são também indesejáveis. como indesejáveis, são naturalmente estigmatizados, viram bodes expiatórios. mas seu crime é apenas desejar ser como os moradores da zona sul... sem ter os meios de realizar seus desejos...

os moradores da zona sul os acham detestáveis, vergonhosos e ofensivos, mostrando-se incomodados com sua companhia indesejada, é por razões mais profundas que existe o tão badalado "custo público" de manter os favelados vivos. os moradores da zona sul tem horror dos favelados pela mesmíssima razão que os favelados encaram os moradores da zona sul como "ídolos": na sociedade capitalista o playboy e o assaltante são as duas faces da mesma moeda.
o favelado repito é o alter ego do morador da zona sul. a linha que os separa é tênue e nem sempre muito nitida. pode-se cruzar facilmente sem notar ...

esses felizes moradores da zona sul raramente se deixam perturbar pela idéia de que sua vida poderá se descarrilhar e descambar para a favela. e há alguns favelados irremediáveis que de há muito jogaram a toalha e abandonaram toda esperança de chegar algum dia a categoria de morador da zona sul.
e entre esses dois extremos há uma grande parcela, possivelmente uma maioria substancial da sociedade capitalista que não está bem certa de onde se encontra no momento e muito menos se sua posição atual prmitirá ver a luz do dia seguinte. afinal, empregos temporários, ações sobem e descem descontroladamente, habilidades desvalorizadas e superada por novas ou por maquinas, os bens que gostamos e nos orgulhamos hoje amanhã são obsoletos, bairros sofisticados tornam-se decadentes e vulgares. como nenhum seguro de vida protege o dono da apólice contra a morte, nenhuma política de segurança do estilo de vida do morador da zona sul o protege de desembarcar para a decadência financeira.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sociedade de Consumo - parte 1

"A pobreza não pode ser "curada", pois ela não é um sintoma de um tipo de doença do capitalismo. muito pelo contrário. a miséria é a evidência da saúde e robustez, do seu impulso para uma acumulação e esforços sempre maiores ... mesmo os mais ricos do mundo se queixam sobretudo de todas as coisas de que se devem privar ... mesmo os mais privilegiados são compelidos a carregar dentro de si a urgência de lutar para adquirir..." - J. Seabrook


Nossa sociedade é uma sociedade de consumo.
Quando falamos de uma sociedade de consumo, temos em mente algo mais que a observação trivial de que todos os membros dessa sociedade consomem.

todos os seres "consomem" desde tempos imemoriais. O que devemos ter em mente é que a nossa é uma "sociedade de consumo" no sentido, semelhantemente profundo e fundamental, de que a sociedade dos predecessores dos brancos, a sociedade moderna européia nas suas camadas fundadoras, na sua fase industrial, era uma "sociedade de produtores".
aquela velha sociedade moderna enganjava seus membros primordialmente como produtores e soldados; a maneira como moldava seus membros, a "norma" que colocava diante dos seus olhos e os observava insistentemente, era ditada pelo dever de desempenhar esses dois papéis. (ser produtor ou ser soldado) não que essa sociedade não houvesse consumo... mas era uma sociedade voltada para a produção.
a norma que a sociedade colocava para seus membros era a capacidade e a vontade de desempenhar esses dois papéis.

Mas no seu atual estágio a sociedade tem pouca necessidade de mão de obra industrial em massa e de exércitos recrutados; em vez disso, precisa enganjar seus membros pela condição de consumidores. a maneira como a sociedade atual molda seus membros é ditada primeiro e acima de tudo pelo dever de desempenhar o papel de consumidor. a norma que a sociedade coloca para seus membros é a de capacidade e vontade em desempenhar esse papel. consumir...

Apenas consuma desesperadamente, não importa o que! apenas compre!

Baumam - Globalização



Minha parte é o lado responsável e semi-analfabeto da arte! - F.SR

sábado, 10 de abril de 2010

Sua Capital Seu - Fugere Urbem nós parafernalha, nós nuvem!



NUVENS ENFERRUJADAS


Um monstro feito de pedra, todo cinza por dentro
triste, melancólico, dono do espaço-tempo
artérias-ferrovias, asfalto reveste a péle
suas teorias impedem que eu me rebele
fumaça é seu ar fresco, a rua seu tentáculo
favela seu produto, miséria seu espetáculo
a morte são suas flores brotando em qualquer estação
epidemia impressa em fábrica e facção
expressa-se vulgar, mija esgoto no mar
me cega, kd o céu?! devasta o poder de amar
consumo é sua fonte de "essência" transformadora
seu sangue é o suor da classe trabalhadora
o que sobrar de nós, quem causar encômodo
é devorado pelo monstro e armazenado em seu presídio-estômago

somos o exército de parafernalha que alimenta e combate esse monstro...

seus olhos... cameras de vigilância
sua voz... motores industriais, buzina e ambulância
suas garras... homens fardados
sua língua... dinheiro
seu idioma... suor e sangue
seu ar... fumaça
seu sonho... ferrugens
seu coração... nós a massa
seu pesadelo... as nuvens

Chove Chuva, Chove e Leva Tudo!
é culpa do homem...não é culpa do mundo...

A Natureza também se Vinga!

humildemente...